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10/10/2025 - UMA CRESCENTE VIGILÂNCIA
Imagina um porto seguro...
Um lugar onde cada criança, cada jovem, cada pessoa possa crescer, aprender e ser amada, sem medo, sem dor e sem feridas escondidas.
Foi esse o sonho do Padre André Coindre, fundador dos Irmãos do Sagrado Coração.
Um sonho que começou há dois séculos e continua vivo hoje: formar corações, proteger a vida e educar com ternura.
Mas o tempo passou e nem tudo foi luz. A Congregação, assim como muitas outras na Igreja, precisou encarar a dor de reconhecer erros do passado, momentos em que o cuidado falhou e pessoas inocentes sofreram. Foi duro. Foi vergonhoso. Mas foi também um chamado de Deus à conversão.
Foi desse desejo de recomeço que nasceu o documento “Uma Crescente Vigilância”, um texto forte, corajoso e cheio de esperança. Ele é como um farol: recorda o que somos chamados a ser e ilumina o caminho para um futuro mais seguro, mais transparente e mais humano.
Um novo olhar sobre o cuidado
“Vigiar” aqui não é controlar. É cuidar com amor. É estar atento a tudo o que pode ferir a dignidade do outro.
O documento nos lembra que o abuso não é só sexual, pode ser psicológico, físico, moral, espiritual ou até o simples uso do poder de forma errada. Por isso, cada irmão, cada educador e colaborador é chamado a viver um estilo de vida onde respeito, escuta e empatia são palavras de ordem.
Formar com o coração
Antes de alguém se tornar Irmão, o Instituto se preocupa em conhecer profundamente a pessoa: sua história, maturidade, saúde emocional e relação com Deus.
Queremos que os novos irmãos sejam homens de coração puro, capazes de viver o celibato com liberdade, cultivar amizades saudáveis e testemunhar o amor de Cristo no meio dos jovens.
Durante toda a formação e mesmo depois dos votos o cuidado continua: há momentos de escuta, orientação psicológica, espiritualidade, cursos, oficinas e muito diálogo sobre temas como limites, respeito, sexualidade e uso responsável das redes sociais. Tudo para que a missão seja vivida com autenticidade e equilíbrio.
Ambientes seguros, corações protegidos
Nas escolas, comunidades e obras do Instituto, queremos que todos encontrem um clima de confiança, respeito e alegria.
Por isso, o documento pede que haja planos de prevenção, formações regulares e procedimentos claros para lidar com qualquer sinal de abuso.
Denúncias devem ser sempre acolhidas com escuta e compaixão, sem medo, sem silêncio, sem encobrimento.
Transparência é a palavra-chave. E o compromisso é simples e profundo: proteger sempre, a qualquer custo.
Quando o erro acontece
O texto também mostra que, se um irmão falhar gravemente, o caminho é claro e justo: há investigação, acompanhamento, e, se necessário, expulsão ou afastamento definitivo.
Mas mesmo nesse processo, o olhar é evangélico, busca-se sempre a verdade, a justiça e a cura, sem vingança, sem omissão.
Em alguns casos, quando possível e seguro, o irmão pode permanecer sob supervisão rigorosa, vivendo um plano de segurança que o ajuda a reparar seus erros e evitar novas feridas.
Mais que regras — um chamado à conversão
“Uma Crescente Vigilância” não é apenas um manual de normas. É um convite.
Um chamado para que todos, religiosos, leigos, jovens, educadores — aprendam o verdadeiro significado de proteger a vida.
Ser vigilante é ser sensível.
É ter coragem de agir, de escutar, de mudar.
É fazer do amor o critério de cada escolha.
No fundo, o documento quer reacender em nós o sonho do Padre André Coindre: um mundo onde ninguém seja ferido dentro da casa que deveria acolher. Um mundo onde cada criança e jovem possa encontrar irmãos que cuidam, educam e amam com o coração de Cristo.
Ser irmão é ser guardião da vida.
Ser educador é ser farol em meio à escuridão.
E viver essa “vigilância constante” é, no fundo,
viver o Evangelho com coragem.
“Ânimo e confiança!”
Padre André Coindre
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